sexta-feira, 8 de novembro de 2013

SER SÉRIO BRINCANDO

Seriedade é bom, mas até certo ponto. Pessoa séria demais é densa, é pesada, é desagradável. Não se deve confundir seriedade com eficiência.

O bom jogador é aquele que brinca com a bola.

O bom surfista é aquele que brinca com a onda.

O bom músico é aquele que brinca com o instrumento.

O bom cantor é aquele que brinca com a letra.

O bom poeta é aquele que brinca com as palavras.

O bom namorado é aquele que brinca com a namorada.

O bom amigo é aquele que, em um momento de tristeza, brinca com o outro para fazê-lo rir.

A pessoa que não gera o riso também não gera felicidade. Basta a seriedade que o trabalho nos exige. Basta a seriedade que nos é exigida pelas obrigações da vida. Bastam os momentos em que somos forçados a sermos sérios.

A seriedade do cotidiano por si só, como o nome propõe, já é séria. Não precisamos acentuar tal rigidez nos momentos em que podemos brincar, rir, transmitir felicidade.

Como a água da chuva lava a poluição do ar, o telhado das casas, o lixo das ruas, a brincadeira também lava a alma.

Mais do que uma sugestão, brincar é uma obrigação, pode ser a salvação de um relacionamento. A brincadeira se renova com os momentos que se renovam, com os assuntos que se renovam, com os passeios que se renovam.

Com as brincadeiras, até as brigas se renovam. Briga que cansa é a mesma briga de sempre. Ciúmes que cansa são os mesmo ciúmes de sempre. Ciúmes e brigas que não se cristalizaram e viraram brincadeiras fortalecem ainda mais um relacionamento.

Com as brincadeiras, até o amor se renova.




quarta-feira, 16 de outubro de 2013

APENAS PROMESSAS



Prometeu o mundo inteiro. Prometi o mundo inteiro.

Prometeu que iria visitar a Europa comigo e eu prometi que as passagens seriam por minha conta.

Prometeu que não brigaria por qualquer coisa e eu prometi que não brigaria por nada.
  
Prometeu que não mais ouviria as amigas, quando viessem dar palpites que só serviriam para destruir o namoro e eu prometi que jamais ouviria qualquer pessoa que ousasse dizer contra o nosso relacionamento.

Prometeu que se casaria comigo e eu prometi que me casaria com ela

Prometeu que guardaria todos os presentes que eu dei e ainda daria durante o nosso namoro e que, quando tivéssemos filhos, contaria a eles todas as histórias que vivemos, sobre os momentos em que aqueles presentes foram dados, e eu prometi que guardaria todas as cartas de amor que recebi dela enquanto namorávamos, a fim de, também, eu poder mostrar aos nossos filhos quando fôssemos pais.

Prometeu que jamais me abandonaria e eu prometi que não procuraria outra mulher, porque ela era tudo que eu sempre quis.

Prometeu que iria envelhecer comigo e eu prometi comprar o par de bengalas.

Prometeu que me amaria para sempre e eu prometi que ela era a mulher da minha vida.

Prometeu morrer logo depois de mim, caso eu morresse primeiro, e eu prometi que iríamos morrer juntos.

Prometemos tudo isso e... Acabou.

Prometemos tanto e nos esquecemos de viver.

Acabou o relacionamento. Acabaram as promessas. Acabou o amor.

Amor não é contrato. Amor é ato. Só vive de promessas quem não sabe realizar. As promessas, ao contrário do que pensam, não são o alimento do relacionamento. Promessa gera medo, gera insegurança, gera pressão, gera compromisso, gera necessidade. Não se mede amor por necessidade.

Amor não é necessidade. Necessidade não garante amor. Medida não garante amor. Enquanto ela se preocupava em medir o amor, eu amava sem medida.

Amor de verdade é amor de mentira, a mesma mentira que não precisa provar a verdade de amar. No meio de tantas verdades, tudo acabou em mentira.

Eu já acreditei em tanta mentira que, hoje, tudo me parece verdade.

sábado, 13 de julho de 2013

VIVER É COMPARTILHAR

Não foi o ambiente que criou os pensamentos que se transformaram em conversa naquela noite, mas o local os inspiraram. Não foram pensamentos vagos, e sim lembranças de experiências vividas.

A música tem esse poder de nos dirigir às lembranças.

E nessa noite, a música fez muito bem feito esse papel, buscando lembranças no interior da alma e trazendo-as para fora através das palavras. A conversa se formava entre um gole de cerveja e outro, entre uma música e outra. Falamos sobre futebol, sobre jogos de videogame, sobre músicas. Também, e não mais importante do que os outros assuntos, falamos sobre antigos relacionamentos, sobre pessoas que há algum tempo ainda faziam falta, que em um passado próximo era quase impossível falar sobre elas. Pessoas que ficaram esquecidas no tempo.

Esquecer não é apagar da memória, mas conseguir falar sem dor, lembrar sem sofrimento.

O riso ia e vinha, a música acabava e logo recomeçava, uma brincadeira surgia, divertia e logo era substituída por outra.

As pessoas não podem ser substituídas. O resto pode.

Entre um beijo na boca e um carinho no braço, a conversa se desenvolvia, as lembranças logo eram esquecidas de novo, para um dia, talvez, serem relembradas. Ou não.

A noite, também, assim como a música, tem o poder de despertar lembranças. Mas, diferente da música, a noite geralmente promove novos pensamentos formando soluções aos problemas passados.

A noite permite um cenário de fantasias para que os pensamentos possam transbordar de nossas almas e serem colocados em questionamentos. Melhor do que apenas pensar é falar, compartilhar, dividir aquilo que hoje são lembranças.

A atenção foi inteira, o carinho foi inteiro, o riso foi inteiro, o beijo foi inteiro.

Tudo que é dividido a dois, na verdade, é inteiro.  

quarta-feira, 3 de julho de 2013

PENSAR DÁ SONO

               Amanheceu. São sete horas da manhã e eu estou com preguiça de levantar da cama. Acho que acordei há trinta minutos. O meu compromisso das oito horas eu não sei se posso considerar que seja importante, porque eu não estou com a mínima vontade de ir. Sim, é importante, como é importante dormir.  Para falar a verdade, não quero levantar da cama, quero dormir de novo, desligar o aparelho despertador e me despertar quando o meu corpo quiser, quando a minha mente achar que deve voltar a funcionar. Não, minto. Também não quero dormir, porque embora eu esteja preguiçoso, não estou com sono o suficiente para dormir, apenas não quero ter esforços, nem físico nem psicológico. O problema do cotidiano, aquilo que me deixa cansado, nem sempre é a distância, a dificuldade de me locomover dentro da cidade, o trânsito, a poluição sonora. O que me cansa de verdade são as fofocas que tenho que ouvir logo cedo no ônibus ou na padaria, as pessoas reclamando da vida, esposa reclamando do marido e dos filhos, pessoas falando mal da vizinha, outras falando que a vida é ruim, que pretende desistir de tudo e começar uma nova vida. Não só isso, mas os problemas do país que os noticiários da televisão mostram também me cansam. É morte pra lá, acidente pra cá, enchentes nas grandes cidades, deslizamentos de terras nas regiões litorâneas do sudeste. Nossa! Tudo me cansa. Não quero, eu não vou levantar da cama. Prefiro dormir de novo. Verdade, acabei me esquecendo, não estou com sono. Não irei dormir. Mas, também, não quero acordar de verdade. Quero ficar assim, inerte, coberto e sem muitos movimentos físicos. Quero ler uma revista, acho. Não, revista não, porque as revistas só mostram desgraças, também, ou moda, ou fala sobre novelas, ou fofocas, tudo aquilo que eu ouço na padaria e no ônibus, tudo aquilo que dá audiência na televisão. Melhor não. Melhor ligar a televisão. Não! Televisão, também, não. Pensei demais, e pensar dá sono. Acho que é por isso que muitas pessoas preferem não pensar, evitam fazer tanto esforço assim. Acho melhor eu dormir. Sim. Até logo!

quarta-feira, 29 de maio de 2013

AMAR, DESEJAR, VIVER

No relacionamento amoroso não somos dois, somos um. Duas partes que completam um corpo, que formam o casal.
  
A individualidade deve ser mantida, como as tarefas diárias, os compromissos particulares, os estudos, o trabalho, o lazer. Mas os planos futuros, os desejos, os objetivos de vida devem ser pensados a dois, sem manter a individualidade.

Namoro é presente, casamento também. Mas os apaixonados antecipam o futuro e vivem o sonho de futuramente estarem juntos. Para os apaixonados não existe tempo, o presente é passado e o futuro é presente. Tudo é agora, já!

Quando amamos, amamos também os objetivos de vida da outra pessoa. Se somos o que pensamos e o que fazemos, então amamos aquilo que o outro pensa e faz.

Pensamos pelo outro e esperamos que o outro pense por si e por nós mesmos. Progredimos se soubermos que o outro também deseja progredir, e somente crescemos se sentirmos que o outro também está crescendo.

Cada um deve ansiar crescer individualmente para depois querer crescer junto com alguém. E Isa sabia enxergar isso, mas não posso dizer o mesmo de Rogério.

Isa fazia planos para o casal desde que passou a viver o relacionamento, há pouco mais de quatro anos. Ela não somente estava com o ele como se sentia ser, também, o próprio Rogério. Ela era o casal, porque vivia duas vidas em uma. Os seus planos passaram a depender dos planos do namorado, não porque Isa dependia dele para ser feliz, mas porque escolheu dividir com esse rapaz a felicidade que já possuía. Ela era feliz sozinha, e com ele essa felicidade aumentava.

Quem ama não divide felicidade. Multiplica.

Isa sonhava com a faculdade de Química, sonhava em construir família, sonhava com o emprego dos dois. Sabia que um sonho dependia do outro, que o emprego como profissional de química dependia da faculdade, e que o dinheiro necessário para construir a sua família dependia do dinheiro do bom emprego no ramo da química que ela só conseguiria se conseguisse se formar. Ela investia nos seus próprios sonhos e os incluía dentro dos planos do casal. Os seus sonhos eram compartilhados com Rogério, que ao contrário, não sentia necessidade de sonhar a dois, e não porque ele era egoísta ou individualista, mas porque lhe faltava os seus próprios sonhos.

Rogério possuía poucos sonhos. O futuro era planejado apenas com o querer, mas faltava o fazer. Dentro de quatro anos, ele evoluiu pouco. Isa o conheceu de um jeito, e ele ainda era o mesmo. Trabalhava às vezes e não estudava. Isa até procurava incentiva-lo a escolher um curso, almejar um novo trabalho, fazer com que tivesse novas expectativas de vida, de futuro, de casal. Primeiro a expectativa de futuro próprio e consequentemente a do casal. Rogério até demostrou algumas vezes estar decidido a buscar um novo emprego e estudar algum curso, mas este longo tempo que tivera para decidir ainda pareceu-lhe pouco, porque as vontades não saíram das palavras, não aconteceram. Isa se esforçava sozinha, sonhava sozinha, crescia sozinha.

O gosto pelo namoro, aos poucos, foi se perdendo. Ela, que vivia o futuro no presente e fazia o presente valer a pena para a construção do futuro do casal, não conseguia perceber o mesmo esforço vindo de Rogério, que não possuía grande expectativa de vida própria, e menos ainda expectativa de vida duradoura para o casal.

O sonho é o alimento do amor. Quem não sonha por si, não sonha a dois. Quem não sonha é incapaz de amar.

O namoro continuou, mas sem futuro, sem alimento. 

domingo, 31 de março de 2013

PRESA NA LIBERDADE


Já não sabia mais como agir diante da situação. Tentara várias vezes antes da última separação. Perdera a conta de quantas separações haviam somado. Uma soma de desgostos, de ofensas, de revoltas a troco de nada.

Sim, nada era concreto. Tudo era paixão, fogo ardente sem amor.

A paixão é concreta, mas dentro do amor. Fora é outra coisa.

Mariana sabia muito bem sobre a paixão. Um dia belas palavras, outro brigas e xingamentos. Tudo aquilo que conseguia de positivo com ele durava pouco, semanas ou algum momento. Virou hábito, e tudo que é hábito e não é saudável, destrói.

O hábito só compensa quando é saudável.

Ele havia se acostumado com o hábito da ilusão. Tinha tudo nas mãos: algumas mulheres, fama dentro do seu grupo de convívio, um corpo bonito, presença marcante. Famoso conquistador. Nas festas, sempre acompanhado por amigos e mulheres. Possuía um pouco de tudo, também o amor de Mariana.

Mas as posses eram passageiras, como o dinheiro que passa de mão em mão, que circula, que não fica.

Ele, portanto, estava sempre rodeado de pessoas, mas nunca as mesmas pessoas. Estava sempre rodeado de mulheres, mas nunca as mesmas mulheres. Tinha tudo e ao mesmo tempo nada. Nada concreto, tudo passageiro.

O amor de Mariana talvez não fosse concreto, no sentido de prática, era apenas sentimento, mas era um sentimento real. Se fosse passar, ainda não havia passado. Sabia que o amor era presente, porque a dor era presente.

Mariana pensava em desistir, não porque queria, mas porque era necessário. Mas o pensamento nada vale sem a ação.

Para o pensamento ser válido, a ação deve ser favorável às vontades.

Mariana não errava, uma vez que servia ao sentimento e satisfazia as suas vontades, mas não se tratava apenas de satisfação momentânea. Ela pensava no momento e depois, ele no momento, apenas. Ela sabia muito bem o que era viver de incertezas, ele sabia muito bem ter certezas sobre ela.

Ele queria liberdade. A liberdade que ele buscava era a mesma liberdade de quem se sente livre por não pertencer a nada, não se apegar a nada. A falsa e famosa liberdade, a liberdade de quem não sabe amar. A liberdade de Mariana se encontrava presa dentro de si, dentro do sentimento, dentro da maior liberdade que uma pessoa pode possuir: o amor.

Liberdade não é se desapegar de tudo. Liberdade é se prender em tudo que é saudável.

Embora ela sofresse um pouco mais, ela sonhava, enquanto ele vivia dentro das suas falsas teorias de liberdade. Ela era quem realmente tinha tudo, embora parecesse o contrário.

Não existe liberdade mais completa do que a liberdade que se encontra presa dentro do amor. 

Ele agia como a maioria agia, como a maioria queria que ele agisse. A sua opinião era a opinião da maioria. Ela agia como o coração pedia, como a emoção pedia, como o sentimento pedia.

Ela era livre. Ele não.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A MOEDA DA FELICIDADE


Dinheiro é necessidade, amor é felicidade.

Não digo apenas o amor, mas os bons sentimentos cultivados durante a vida, como a amizade. Sim, a amizade também é amor. A maioria das pessoas, infelizmente, não consegue explorar prazeres onde o dinheiro não possui valor: no mundo dos sentimentos.

Roberto se encaixa dentro dessa maioria.

A sua casa não era mais um lar, e sim um escritório. Roberto fazia da mesa da cozinha uma escrivaninha de assinar cheques, do sofá estante de guardar livros, do banheiro uma lan house. Pior, da cama, onde deveria ser o seu ninho de amor com Julia, sua esposa, uma lixeira de papéis amassados e amontoados. Ele saia do seu ambiente de trabalho e se dirigia para casa, mas o trabalho o seguia. Não possuía horário de descanso, muito menos horário para a desanimada mulher.

Julia não trabalhava, mas tinha tudo: carro do ano, duas funcionárias, uma para a cozinha e outra para a limpeza do restante da casa, casa na praia, roupas de todas as marcas e para todos os momentos, sapatos, bolsas. Tudo comprado com o dinheiro do maridão, famoso e rico empresário.

Mas ela sentia que faltava algo. Ela se sentia insatisfeita. Julia não tinha tudo.

Definitivamente Julia sabe que não tinha tudo. Ela não tinha um só momento de exclusividade com Roberto. Quando conseguia arrastá-lo quase nunca a um jantar fora de casa, o empresário sempre tinha de interromper a refeição e saía disfarçadamente para atender ao telefone. Quando se deitavam na cama, após Julia ter arrumado a papelada de seu cônjuge, por conta do trabalho que ele domesticou, ela era surpreendida apenas com comentários sobre a rotina de trabalho de seu companheiro, sobre os negócios fechados durante o dia ou sobre as contas a pagar ao final do mês. O jeito era virar para o lado e dormir. Até dormir a deixava exausta.
Roberto podia dar tudo, desde joias caríssimas até estruturas domiciliares, mas não sabia dar o essencial, o simples, o barato, aquilo de que todos têm direito. Não sabia amar. A ânsia de enriquecer-se o tornava desatencioso, frio, inquieto.

O amor não suporta pressa, pede calor, necessita de atenção.

A vontade de ter filhos foi deixando Julia. A vontade de amar Roberto foi saindo de dentro dela, como pássaros que escapam da gaiola e deixam os lares.
Para reconquistá-la, Roberto enviava presentes à Julia, que eram entregues pelo motorista da empresa, deixava caixinhas contendo joias em cima da cama, escondia sapatos novos atrás da porta do banheiro. Que ilusão! Ele não possuía para refletir e descobrir que um beijo bem molhado, que uma massagem nas costas, que uma noite de amor intenso ou apenas um simples jantar com os celulares desligados reconquistariam aquele amor adormecido, que permanecia em Julia, mas não era reacendido todos os dias.

O casamento acabou.

Quando Roberto descobriu que a sua companheira não precisava de quatro casas, sendo uma delas na praia, não precisava de uma gaveta inteira de colares, e nem de uma sapateira entupida de sapatos, já era tarde demais. Ele não tinha tempo nem para chorar, muito menos para tentar de novo, pois a empresa passava por momentos difíceis, e a imagem de bom empresário precisava ser reconquistada.
A empresa faliu, e junto com ela a felicidade do pobre rapaz. Ele que apostou toda a sua felicidade em algo material, viu a sua própria felicidade sendo negociada a troco de dinheiro, quando precisou vender parte de seu percentual de participação nos negócios da firma aos seus sócios
.
O dinheiro não é capaz de manter um amor, nem mesmo de conquistá-lo. Também não compra uma amizade. A felicidade existe para aqueles que têm a capacidade de amar e ser amado, seja na amizade, seja no namoro, seja no casamento.

A moeda que compra o amor é ele próprio.

Assim, também, comprará a felicidade.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

ACEITAÇÃO E SUPERAÇÃO

Superar não é esquecer. Superar é aceitar aquilo que aconteceu e seguir.

Ninguém consegue esquecer os traumas. Todo trauma da infância é carregado durante a vida toda, querendo ou não. Ninguém quer, vamos concordar. Mas a vida nem sempre acontece como queremos.

A morte que não respeita a lei natural dentro de uma família talvez seja um dos piores traumas que existem. A mãe e o pai que perde um filho, o avô e a avó que perde um neto, o tio e a tia que perde um sobrinho, enfim, a morte que vem precocemente aos mais novos, e não primeiramente aos mais velhos, como seria o mais aceitável. Fatalidade ou não, é difícil lidar com morte. Depois, talvez, as separações. Membros de uma mesma família que brigam e se distanciam e casais que se separam são dois exemplos. São infinidades de acontecimentos ao longo da vida que podem nos desanimar.

Não existe morte que pode ser esquecida. Não existe separação que pode ser esquecida. Todas são traumas. Existem, porém, meios de aceitar aquilo que aconteceu e impedir longas tristezas ao longo da caminhada terrena.

Não há sofrimento que não possa ser superado.

Ninguém é totalmente autossuficiente, que não precise de ajuda, que possa resolver tudo sozinho. Procurar ajuda não é vergonha, seja ela espiritual, seja na literatura, seja na religião.
Chorar e cultivar a dor não quer dizer que a pessoa se importa. Muitos não choram mas sofrem por dentro. Sofrimento não é regra.

Deixar que a tristeza sufoque ou não é pessoal, faz parte da motivação diária. Nem todo tipo de ajuda é eficaz, mas cabe a cada um escolher aquela que gera melhor resultado. Achar que deve sofrer e ficar desmotivado a viver para o resto da vida é um egoísmo sem tamanho.

Esquecendo ou não os traumas, o sofrimento não pode ser duradouro e sufocante. Uma vida infeliz não merece ser vivida.

A dor não deve ser eterna.