sábado, 13 de julho de 2013

VIVER É COMPARTILHAR

Não foi o ambiente que criou os pensamentos que se transformaram em conversa naquela noite, mas o local os inspiraram. Não foram pensamentos vagos, e sim lembranças de experiências vividas.

A música tem esse poder de nos dirigir às lembranças.

E nessa noite, a música fez muito bem feito esse papel, buscando lembranças no interior da alma e trazendo-as para fora através das palavras. A conversa se formava entre um gole de cerveja e outro, entre uma música e outra. Falamos sobre futebol, sobre jogos de videogame, sobre músicas. Também, e não mais importante do que os outros assuntos, falamos sobre antigos relacionamentos, sobre pessoas que há algum tempo ainda faziam falta, que em um passado próximo era quase impossível falar sobre elas. Pessoas que ficaram esquecidas no tempo.

Esquecer não é apagar da memória, mas conseguir falar sem dor, lembrar sem sofrimento.

O riso ia e vinha, a música acabava e logo recomeçava, uma brincadeira surgia, divertia e logo era substituída por outra.

As pessoas não podem ser substituídas. O resto pode.

Entre um beijo na boca e um carinho no braço, a conversa se desenvolvia, as lembranças logo eram esquecidas de novo, para um dia, talvez, serem relembradas. Ou não.

A noite, também, assim como a música, tem o poder de despertar lembranças. Mas, diferente da música, a noite geralmente promove novos pensamentos formando soluções aos problemas passados.

A noite permite um cenário de fantasias para que os pensamentos possam transbordar de nossas almas e serem colocados em questionamentos. Melhor do que apenas pensar é falar, compartilhar, dividir aquilo que hoje são lembranças.

A atenção foi inteira, o carinho foi inteiro, o riso foi inteiro, o beijo foi inteiro.

Tudo que é dividido a dois, na verdade, é inteiro.  

quarta-feira, 3 de julho de 2013

PENSAR DÁ SONO

               Amanheceu. São sete horas da manhã e eu estou com preguiça de levantar da cama. Acho que acordei há trinta minutos. O meu compromisso das oito horas eu não sei se posso considerar que seja importante, porque eu não estou com a mínima vontade de ir. Sim, é importante, como é importante dormir.  Para falar a verdade, não quero levantar da cama, quero dormir de novo, desligar o aparelho despertador e me despertar quando o meu corpo quiser, quando a minha mente achar que deve voltar a funcionar. Não, minto. Também não quero dormir, porque embora eu esteja preguiçoso, não estou com sono o suficiente para dormir, apenas não quero ter esforços, nem físico nem psicológico. O problema do cotidiano, aquilo que me deixa cansado, nem sempre é a distância, a dificuldade de me locomover dentro da cidade, o trânsito, a poluição sonora. O que me cansa de verdade são as fofocas que tenho que ouvir logo cedo no ônibus ou na padaria, as pessoas reclamando da vida, esposa reclamando do marido e dos filhos, pessoas falando mal da vizinha, outras falando que a vida é ruim, que pretende desistir de tudo e começar uma nova vida. Não só isso, mas os problemas do país que os noticiários da televisão mostram também me cansam. É morte pra lá, acidente pra cá, enchentes nas grandes cidades, deslizamentos de terras nas regiões litorâneas do sudeste. Nossa! Tudo me cansa. Não quero, eu não vou levantar da cama. Prefiro dormir de novo. Verdade, acabei me esquecendo, não estou com sono. Não irei dormir. Mas, também, não quero acordar de verdade. Quero ficar assim, inerte, coberto e sem muitos movimentos físicos. Quero ler uma revista, acho. Não, revista não, porque as revistas só mostram desgraças, também, ou moda, ou fala sobre novelas, ou fofocas, tudo aquilo que eu ouço na padaria e no ônibus, tudo aquilo que dá audiência na televisão. Melhor não. Melhor ligar a televisão. Não! Televisão, também, não. Pensei demais, e pensar dá sono. Acho que é por isso que muitas pessoas preferem não pensar, evitam fazer tanto esforço assim. Acho melhor eu dormir. Sim. Até logo!